Editorial: Nossas datas de setembro

[caption id="attachment_3759" align="aligncenter" width="640"]Ilustração: Guilherme Litran: Cavaleria de los farrapos. Museo Júlio de Castilhos, Porto Alegre Ilustração: Guilherme Litran: Cavaleria de los farrapos. Museo Júlio de Castilhos, Porto Alegre 2014[/caption]     Ricardo Ritzel*   É um pouco complexo explicar para forasteiros em visita ao Rio Grande do Sul o que realmente o gaúcho comemora no dia 20 de setembro. Possivelmente seja porque esta terra é possuidora do melhor índice de desenvolvimento humano do país, de acordo com a ONU; do menor índice de analfabetismo, segundo o IBGE; e da população mais longeva da América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde. E, tirando o regionalismo exagerado que invariavelmente nos coloca em situações delicadas em todo o país, não. Absolutamente, não! Não celebramos uma revolução perdida contra o governo central brasileiro, muito menos queremos ser independentes do Brasil ou alimentamos esse ideal, já respondendo as primeiras perguntas dos visitantes quando o assunto é a Semana Farroupilha e seus festejos. Primeiro, porque os revolucionários da Década Heroica (1835-1845) não se renderam. Aceitaram o armistício para novamente defenderem a fronteira sul do Brasil de mais uma invasão “castelhana”, que não foram poucas e de todos os lados nesses quase 400 anos de história. E sim, nós nos orgulhamos, e muito, de nossos antepassados terem proclamado uma república em uma época de imperadores; de exigirem uma federação em um tempo de centralização total do poder; de defenderem a abolição da escravatura, enquanto em todo mundo, ou em sua maior parte, esta prática odiosa era uma relação “normal” entre seres humanos. Segundo, porque escolhemos ser brasileiros. Qualquer livro de história conta que foram outras as causas do conflito. Tanto que, mesmo cercados por um exército muito superior em um dos períodos mais sangrentos revolução, assim responderam os chefes farroupilhas ao ditador argentino Rosas quando este se atreveu a oferecer um “muy amigo” auxílio militar aos rebeldes, já sonhando em estender as suas fronteiras: “Senhor Rosas: O primeiro de seus soldados que transpor a fronteira vai fornecer o sangue com que assinaremos o tratado de paz com os imperiais. Acima de nosso amor pela República, estão nossos brios de brasileiros”. E que venham as celebrações de nossas datas de setembro! *Ricardo Ritzel  é jornalista e assessor de imprensa da APUSM

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