A despedida de um reitor
[caption id="attachment_2879" align="aligncenter" width="640"] O ex-reitor da UFSM tinha 94 anos, era natural de Santa Maria e deixa um grande legado para cidade por sua atuação na educação, política e esporte. Foto reprodução AR[/caption]
[caption id="attachment_2771" align="alignright" width="300"] Vallandro foi Médico Veterinário formado pela UFRGS EM 1945 e ingressou na UFSM em março de 1963, a convite do professor José Mariano da Rocha Filho[/caption]
Santa Maria amanheceu mais triste no dia 2 de abril com a notícia do falecimento do professor Armando Vallandro. O ex-reitor da UFSM tinha 94 anos, era natural de Santa Maria e deixa um grande legado para cidade por sua atuação na educação, política e esporte.
Vallandro se graduou como médico veterinário pela UFRGS, em 1945. Em 1963, ingressou na Universidade Federal como Auxiliar de Ensino através de um convite pessoal do professor José Mariano da Rocha Filho, lecionando nos cursos de Medicina, Odontologia, Enfermagem, Medicina Veterinária, Agronomia e Farmácia.
Ao longo de sua carreira de mais de 30 anos na primeira universidade pública do interior brasileiro, Vallandro ocupou vários cargos administrativos, sempre se destacando por comandar gestões seguras, tranquilas e eficientes. Foi o primeiro pró-reitor de Assuntos Estudantis da instituição, assim como diretor do Centro de Ciências Rurais (CCR), entre outros.
Ele gostava de dizer que sua trajetória na UFSM foi muito boa. “Entrei como assistente de ensino e cheguei a reitor. Ministrei aulas até enquanto era vice-reitor. Quando cheguei à reitoria não consegui mais, principalmente pelos compromissos do cargo".
[caption id="attachment_2880" align="alignleft" width="194"] Vallandro recebeu o cargo de reitor da UFSM das mãos de seu antecessor, Derblay Galvão.[/caption]
Armando Vallandro ocupou o cargo máximo na universidade santa-mariense entre 1981 e 1985, período da redemocratização do País e também de profundas mudanças na administração educacional brasileira. Tanto que é um consenso entre os colegas da época que ele foi o homem certo, no cargo certo, na hora certa.
“Ele foi reitor em um período importante, na transição do regime militar para democratização no país e comandou a UFSM nesta fase com muita sensibilidade e serenidade. Era um homem que acreditava no diálogo para o consenso, e colocou esse princípio na prática”, ressaltou Paulo Burmann, atual reitor da instituição.
O professor Olindo Toaldo, que foi seu vice por quatro anos na reitoria, destaca também este aspecto: "Vallandro foi um homem de fácil diálogo, especialmente pela sua ascendência política. Tinha facilidade de comunicação por temperamento", lembra Toaldo.
“O professor Armando era um político à moda antiga, sempre com gestos discretos, quase silenciosos, mas com muita eficiência. Ele tinha muito jogo de cintura”, enfatizou o professor Quintino Oliveira.
Depois de ocupar o maior cargo da instituição, com humildade, continuava dedicado e pontual como nos seus tempos de início de carreira. Voltou para a sala de aula, onde cumpriu o tempo até sua aposentadoria.
[caption id="attachment_2884" align="alignright" width="232"] Ele gostava de dizer que sua trajetória na UFSM foi muito boa. “Entrei como assistente de ensino e cheguei a reitor". Foto UFSM reprodução[/caption]
Política – Armando Vallandro teve atuação política marcante na cidade, inicialmente no extinto e tradicional Partido Libertador (PL), depois na Arena (Aliança Renovadora Nacional), onde chegou a ser presidente em Santa Maria.
Ele foi eleito suplente de vereador pelo extinto Partido Libertador (PL) para a legislatura de 1951 a 1955, assumindo depois o mandato, substituindo José Ignácio Xavier.
Participou também das eleições de 1955 e 1960, elegendo-se suplente de vereador nas duas legislaturas. Assumiu diversas vezes o mandato até 1963.Mais tarde, Vallandro concorreu a deputado estadual, mas não se elegeu.
Esporte – Um lado pouco conhecido do ex-reitor, pelo menos das gerações mais novas, é o esportivo. Vallandro, naquela época mais conhecido pelo apelido de Picolé, foi um dos principais atletas da equipe de basquete do Corintians Atlético Clube que conquistou, entre outros, o Campeonato Estadual de 1947.
Depois de se retirar das quadras, ele participou ativamente da vida do clube como diretor e também conselheiro, sempre com o entusiasmo juvenil que o levou a ser um dia campeão de todo Rio Grande do Sul.
O prefeito Cezar Schirmer (PMDB) decretou luto oficial de um dia em memória ao professor. Já na UFSM, o reitor Paulo Burmann estabeleceu três dias de luto.