Mônica 60+

Conexão 60

Mônica 60+ é sobre o tempo, considerando que há quem acredite que o tempo não passa. Isso inquieta, como assim não passa, nunca se é a mesma pessoa e isso não aconteceria sem o contar dos nanosegundos.

Quem pensa assim, me parece viver no passado ou na expectativa de algo idealizado a ser encontrado, mas, também, alguém que não se movimenta, pois acredita que o tempo não passa. Não está nem no presente e nem lá, seja no futuro ou em outro lugar, o que é um absurdo. Como assim estar no futuro, se este é um lugar a se chagar. No passado também não está, porque, também não é possível permanecer onde não existe mais. É bem provável que não estejam em lugar algum, mas em lugar algum não se vive.

Adaptabilidade é sempre ver no espelho a imagem refletida, mesclada às lembranças de como se era. Escrever sobre o tempo pode até parecer perda de tempo, mas ocupá-lo é a questão mais existencial que conheço. Geralmente noites quentes regadas a raios, ventos fortes e muita chuva e sem energia elétrica, são momentos adequados, para aliviar o desassossego, que estas situações costumam causar.  Na agitação do dia a dia, a falta de energia elétrica desperta energias outras, como as que se apresentam em forma de ansiedade.

Ocupar o tempo tem a ver em se estar consigo mesmo e este encontro costuma provocar ansiedade, provocando indagações sobre este sujeito que se acende na escuridão. Surgem perguntas como: quem é você e, geralmente, sem respostas a tendência é se afastar, como se faz em relação a tudo que incomoda.

É bem provável que seja assim que se vai para nenhum lugar, supostamente. Para não sucumbir à ansiedade é melhor ocupar o tempo fazendo alguma coisa, desde que se fique longe daquela luz.

Já se passaram 60 anos da existência de Mônica, personagem famosa do Maurício, conhecida por quase todos brasileiros e o mais curioso é indagar sobre o que seria do Cebolinha, do Cascão e de tantos outros como a Magali, mas enfim um grupo de personagens que fazem parte do imaginário da geração 60+. Todos têm suas histórias e a marca do tempo escrita em cada evento em que participaram.

Gostaria de conhecer o que os avós desta geração viveu em sua época de juventude e os pais destes avós, quando Mônica ainda não existia, o que nos contariam hoje? Mônica fez época e marcou a sua trajetória armada com o Sansão, coelho poderoso, que todos seus amigos temiam, mas, com ela era fiel e protetor. Unidos não havia quem pensasse em se opor às suas proposições.

O mundo encantado da juventude torna o tempo um coadjuvante da possibilidade de se expressar, quero dizer com isso, que nessa fase poucos são os pensamentos sobre o passar do tempo, tornando o presente sempre presente e o passado, praticamente inexistente e faz do futuro o motivo para saciar curiosidades. Quero chegar lá! Sem pressa, porque já correu demais, como diz uma música, provavelmente, tem a Mônica, na atualidade a paciência que os 60+ gostariam de ter.

O envelhecimento de hoje em parte se parece com a juventude, porque  permite desfrutar do presente, estação de embarque e desembarque, não mais de sonhos, mas, de realidades tangíveis, valorizando, desta vez, o parecer daquele sujeito, relegado a um lugar imperceptível, porque ele queria nos falar sobre este momento, em que o olhar tende a recair no passo, por vezes despertando o desejo de repará-lo, porém, apreensivamente, pela noção de escassez do tempo, um pouco ainda recai sobre o futuro, onde a mensuração se confirma.

Mônica o seu aniversário é muito importante e eu lhe desejo parabéns, junto a todas as pessoas com 60+, lembrando que esse sujeito, que agora você consulta, é o prumo daqui para a frente e a oportunidade de você seguir em frente, até quando houver horizonte.

 

Caio Cesar Gomes

Psicólogo

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