Envelhecimento e a Persistência da Vida

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A experiência de envelhecer desperta sensações inigualáveis e reações as mais peculiares, na tentativa de atrasar o tempo que não retrocede. Recomendações as mais diversas, sobre o melhor desfrutar deste momento de vida, são pulverizadas em redes sociais e, como se fossem suplemento alimentar são consumidas, na esperança de influenciar, não no relógio, mas na biologia, que o relógio encaminha.  Dentre elas, o exercício do cérebro tem se tornado uma das investidas, pois é com ele que se entende o mundo e, quando possível, a nós mesmos. Viver com o coração pulsante, no que nos ajuda, se não enxergamos e nem entendemos o que estamos fazendo por aqui.

A luta deixa de ser para sobreviver e nem tem importância o mais tempo e o menor tempo, quando o tempo não pode ser contabilizado. A luta pela manutenção de um cérebro ativo pode parecer óbvio e de certa maneira é, no entanto, considerar que você só sabe quem é você, decorre do estado dele. O cérebro é um órgão muito sensível e sofre a influência de tudo o que o rodeia e da qualidade do organismo do qual faz parte. A relação entre cérebro e mente nem sempre é bem entendida, e cabe uma tentativa para explicar como esta relação se estabelece e, possivelmente, entender ainda mais a importância de como interagem. Imagine que ao nascer somos todos um funcionamento, prioritariamente, biológico em estado de desenvolvimento.

A mente existe desde o nascimento, no entanto, primitiva e quase imperceptível, não fossem a manifestação de reflexos corporais eliciados por provocações ambientais. Neste período a atenção central é dada ao biológico, pois se entende que é a partir deste que a possibilidade da mente tende a se manifestar. Neste período é o cérebro que comanda a mente, conforme ele entendeu que foi tratado e, somente mais tarde, algumas vezes bem mais tarde é que a mente tende a se impor ao cérebro, exigindo que ele reaja e compreenda a vontade da mente. Que coisa complicada, porém ainda mais complicada é quando a mente não se atreve a se colocar como gostaria. É a mente e não o cérebro que vê propósito na vida, que dá sentido ao dia-a-dia e nos provoca alegria, tristeza e nos permite suportar e lidar com as nossas mais diferentes sensações, como as de bem estar tanto quanto com as que nos causam desconforto como ansiedade e tristeza.

O envelhecimento é inevitável para quem consegue se manter vivo e com ele nos deparamos com o desconhecido e com a incerteza de que podemos lidar bem com o desconhecido desta etapa. Preocupações com a saúde e com as habilidades para aproveitar o que é disponibilizado, são funções da mente, quando avalia e opta o que e como fazer. Tanto a liberdade como as limitações desta etapa, da mesma maneira como ocorre em qualquer outra, neste momento, pode ser surreal de tão intensas que são. A sensação é a de que elas se encaminham na direção oposta ao que se deseja. Ao desejar paz e serenidade, no envelhecimento idealizado, e ter de conviver com diversidade imprevisíveis o tempo todo, gera sensações de injustiça, pois, a impressão que se tem é a de que no envelhecimento a serenidade deve prevalecer. Esta sensação é a esperança do cérebro, por não desejar alterar a sua costumeira forma de funcionar e ao se deparar com as adversidades a mente reage com a sensação de inconformidade com o que experiencia e sse esforça para se adaptar à realidade. Mal sabe ela que a maneira como gerencia esta dicotomia, poderá ser a sua chance para evoluir e continuar a viver com sentido, por mais tempo e com melhor qualidade.

Vida é movimento e movimento não é somente físico, mas também mental. Essas novas e intensas experiências podem ser um exercício de longevidade, expandindo a capacidade consciente para abarcar e desenvolver novas habilidades, considerando que o envelhecimento é também uma fase de desenvolvimento e não de preparação para a morte, mas para desfrutar a vida.

 

Caio Cesar Gomes

Psicólogo

Envelhecimento e a Persistência da Vida

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