A velhice não é contagiosa, uma pena

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       Quem vive mais, tem que envelhecer. No entanto, ficar velho parece não ser mais a terminologia adequada para quem vive muito. O que parece estar prevalecendo, é o fato de se estar vivo por mais tempo em condições de degustar a vida, como nunca antes foi possível. Os velhos e as velhas, estão nas ruas, estão nas famílias, e não raro, alguns filhos se parecem mais abatidos do que os pais com idades mais avançadas.

       A tecnologia da saúde clínica e mental, assim como, os recursos estéticos, lubrificam as rugas e as articulação, proporcionando conforto e agilidade para levar a vida com prazer e destreza. É notável como o “espírito” jovem é ativado no reflexo do espelho, e como o feedback de uma face com as marcas do tempo, porém sem rugas, revigora, anima e sustenta a espinha dorsal, mantendo a pessoa ereta em sua autoestima. Sendo estas, as condições necessárias para ativar hormônios, e promover o ânimo.

       A velhice está perdendo o significado de incapacidade, adoecimento e de infantilismo. Os e as envelhecidas (os) desejam e tentam, ofertar mais e melhor as suas habilidades, embora, os espaços a serem ocupados requeiram lutas constantes para se efetivarem. A geração dos (as) envelhecidos (as) ativos (as) que enfrentam estes desafios, é a atual. E será, a partir do patamar que essa geração alcançar, que as próximas continuarão socialmente avançando.

       O etarismo, assim como a homofobia, a gordofobia, e o racismo, são termos que deverão cair no desuso, pois, todas as pessoas são importantes na construção social e, somente participando é que poderão manifestar as suas necessidades, assim colaborando para a construção de uma sociedade que responda as demandas humanas e não, somente, a esta ou aquela especificamente.

       Quando se visa a igualdade, é a igualdade que se usufrui. A nossa época, possui todos os ingredientes para ser invejada pelas gerações futuras: inovações tecnológicas surpreendentes; as lutas pelos direitos humanos; desfrutamos o início da comunicação global na velocidade dos “bits”; estamos desenvolvendo a Inteligência Artificial; tudo acontecendo exponencialmente, e a nossa disposição.

       Tudo é novidade o tempo todo, inclusive, as pessoas envelhecidas para elas mesmas. Repentinamente, elas se descobrem ativas, dignas e o principal, vivem a vida com saúde, tendo muito o que realizar e desfrutar. O envelhecimento como está acontecendo é coisa nova, pois, não é somente a aparência esteticamente rejuvenescida que se apresenta, mas pessoas com mais idade que abandonaram a noção excludente de ineficazes para se mostrarem ativas, tanto quanto qualquer pessoa de qualquer data. A diferença é que essas, estão transbordando experiências a serem espalhadas nos lugares em que convivem.

       Olhando para o reflexo no espelho enxergam a juventude corporal, no entanto, olhando nos seus olhos, se pode enxergar a sabedoria de quem foi polida pelo tempo e pelas suas passagens. No emaranhado dos impedimentos impostos pela sociedade, e não raramente, pelo velho e pela velha a si mesmos, essas qualidades se perdem. Não peça licença para melhorar a sociedade, infiltre-se e colabore.

 

A velhice, é uma pena que não seja contagiosa!

 

Caio Cesar Gomes

Psicólogo

A velhice não é contagiosa, uma pena

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