Estes pioneiros e suas histórias: Ervino Weigert, o farmacêutico completo

  [caption id="attachment_6957" align="aligncenter" width="618"]O professor e pesquisador Ervino Weigert apresenta o Laboratório da Faculdade de Farmácia da UFSM para o reitor Mariano da Rocha . Foto arquivo pessoal família Weigert O professor e pesquisador Ervino Weigert apresenta o Laboratório da Faculdade de Farmácia da UFSM para o reitor Mariano da Rocha . Foto arquivo pessoal família Weigert[/caption]   A série “Estes pioneiros e suas histórias” foi idealizada e é produzida, desde julho de 2013, pelo Jornal da APUSM com objetivo maior de resgatar nomes e histórias dos primeiros tempos da Universidade Federal de Santa Maria, marco de um novo ciclo de desenvolvimento do interior do Rio Grande do Sul, o “Ciclo da Educação”. Porém, nesta edição, vamos mais longe nesta linha do tempo. Fomos buscar um pouco da história de um professor da antiga Faculdade de Farmácia de Santa Maria, ou seja, um desbravador do Ensino Superior no interior brasileiro. Ainda mais, quando se comemora os  100 anos de nascimento do farmacêutico Ervino Weigert. Weigert, que nasceu em Santa Maria em dezembro de 1915, foi antes de tudo um farmacêutico completo na verdadeira acepção do termo. Começou como lavador de vidro em uma drogaria da cidade, mais tarde farmacêutico prático e, depois, farmacêutico provisionado. E tudo isto antes de seu curso superior, concluído, em 1940, na então Faculdade de Farmácia de Santa Maria. Já graduado, passou a exercer a profissão no interior do Estado, montando sua própria farmácia em Aratiba, depois no Município de Agudo, e logo a seguir em Restinga Seca. Na terra de Iberê Camargo, Ervino estabeleceu uma parceria com os médicos da localidade, primeiro Cecil Agne, depois Paulo Lauda, que iriam abrir as portas para mais uma etapa de sua vida profissional, a de pesquisador. O filho de Ervino, Flávio Weigert, lembra que os três eram estudiosos ao extremo, obcecados pelo conhecimento e dividiam o que sabiam no tratamento de enfermos em uma pequena, isolada e quase sem recursos localidade do interior gaúcho dos anos 40 do século passado. “Isto despertou o lado de pesquisador do pai. E a fagulha foi acesa quando o Lauda o apresentou uma resina para que estudasse. Era um recurso caseiro usado com certo sucesso por um paciente da região no tratamento da infecção por berne. A curiosidade científica dos dois foi aguçada, a pesquisa foi feita, identificados os princípios ativos e o estudo publicado.”, relembrou Flávio. Surgia, então, um pesquisador.   [caption id="attachment_6955" align="alignleft" width="218"]Foto arquivo pessoal família Weigert Foto arquivo pessoal família Weigert[/caption] A carreira universitária Fato que iria modificar sua vida e direcioná-lo para concretizar o que estava latente foi a incorporação da Faculdade de Farmácia de Santa Maria a Universidade do Rio Grande do Sul. Havia, na época, uma necessidade de complementar o corpo docente da instituição. Assim, em 1953, foi nomeado Instrutor de Ensino Superior. E a partir dessa nomeação começou a participar da vida acadêmica de forma intensa, viajando para congressos e seminários por todo território nacional. Em 1956, prestou Exame de Suficiência na Cadeira de Farmacognosia, passando a integrar bancas examinadoras. Em 1960, realizou concurso de Livre Docente nessa mesma cadeira, recebendo os títulos de Doutor e de Livre Docente. Posteriormente, nesse mesmo ano, foi promovido e nomeado Assistente.   Buscando o saber... O período de 1961-62 trouxe novos planos para Ervino Weigert, pois lhe foi oferecido um estágio como assistente no Instituto de Farmacognosia, na Universidade do Sarre, Saarbrücken, Alemanha.  Curso desenvolvido no setor de análise de substâncias naturais, com emprego da Cromatografia de Camada. Nesse período, participou também de congressos internacionais, sempre acumulando conhecimentos que iria repassar aos seus alunos nos anos seguintes. Depois, em 1964, retorna à Europa, desta vez para Universidade da Basileia, Suiça, para um estágio no campo da química de substâncias naturais. De lá, ele retornou diretamente para a Universidade de Sarre, a fim de atualizar ainda mais seus estudos em Cromatografia, agora voltados ao campo dos hormônios esteroides. A volta ao Brasil foi fértil academicamente, pleno de atividades e ainda ministrando cursos e seminários em todo o território nacional. Seu currículo repleto, entre cursos ministrados, palestras, conferências, seminários e aulas, retratam a breve trajetória de um professor nato, de alguém fascinado pelo saber e pelo ensinar. Em 9 de janeiro de 1973, o professor Weigert novamente se despede da família e amigos em Santa Maria e embarca para Recife para novos desafios da pesquisa de ponta nacional, desta vez a convite de um dos mais  conceituados cientistas brasileiros, Oswaldo Gonçalves de Lima. Ele não mais veria a sua terra natal. Faleceu precocemente no dia 3 de abril daquele ano. Estas linhas são uma homenagem da APUSM a um dos pioneiros do Ensino Superior no interior do país, além de destacado professor e pesquisador brasileiro de todos os tempos. Sem dúvida, sua vida foi um período muito curto para alguém que tinha tanto para dar.   [caption id="attachment_6958" align="aligncenter" width="640"]Foto arquivo pessoal família Weigert Foto arquivo pessoal família Weigert[/caption]  

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