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A Metafísica e a Física Quântica na Homeopatia - Artigo do professor Rubem Boelter
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A homeopatia de Hahnemann, sempre teve desde o início da sua concepção uma tendência religiosa e metafísica, que continua com mais evidência em nossos dias Foto reprodução internet[/caption]
Por Ruben Boelter
Prof. aposentado de Farmacologia – Dep. Fisiologia UFSM
A Homeopatia criada há mais de 200 anos pelo médico e químico alemão Samuel Hahnemann, graças aos meios de comunicação, está sendo cada vez mais divulgada e conhecida pelas pessoas leigas, mesmo assim persistem dúvidas sobre sua eficácia e modo de agir e muitos cientistas ainda consideram a homeopatia uma pseudociência .
Tendo a homeopatia métodos, técnicas, leis e teorias próprias, é considerada uma especialidade médica, que se difere da fitoterapia, que utiliza somente plantas medicinais e da alopatia, nome usado por Hahnemann para definir a medicina tradicional em oposição à homeopatia.
O termo alopatia nunca foi bem aceito pela medicina convencional e quando se refere ao uso de agentes farmacologicamente ativos e que produzem efeitos contrários aos da doença( p.ex. antitérmicos na febre ), ele é denominado de farmacoterapia ou terapêutica medicamentosa,
A homeopatia por sua vez, utiliza medicamentos que produzem na pessoa saudável os mesmos sintomas da doença ( p. ex. o envenenamento por arsênico produz cólicas e diarreias, portanto é usado na disenteria ), obedecendo o princípio básico : os “semelhantes se curam pelos semelhantes”.
Para completar a lei das semelhanças, que gerou muitas controvérsias, Hahnemann concluiu que era ainda necessário diluir sucessivamente as substâncias retiradas da tintura mãe (vegetal, animal ou mineral), resultando, já a partir da 12º diluição centesimal, produtos sem moléculas, átomos ou partículas da substância original, excedendo portanto o número de Avogrado .
Pesquisadores criticam dizendo, que usar diluições infinitesimais era como colocar um comprimido de aspirina no oceano e usar a sua água como remédio mas os homeopatas contestam, explicando que os remédios homeopáticos não são produtos de uma mera diluição e para aumentar o seu poder terapêutico torna-se necessário sacudir ou agitar fortemente as soluções ( sucussão).
Este movimento vibratório foi denominado de “dinamização”, neologismo criado por Hahnemann , deve ser realizado pelo braço humano ou um braço mecânico em laboratórios. O resultado desta manipulação seria um medicamento sem vestígios da substância original, mas dotado de uma energia imaterial ou espiritual, transferida para o veiculo ( água ou álcool) e que atuaria na força vital da pessoa doente, promovendo a cura. Entretanto, esta hipotética energia liberada pela dinamização ainda precisa ser comprovada pela química e pela física.
A homeopatia de Hahnemann, sempre teve desde o início da sua concepção uma tendência religiosa e metafísica, que continua com mais evidência em nossos dias, quando um número crescente de pessoas estão optando por estilos de vida alternativa e uma visão mais holística do mundo. Ela tem elementos derivados da alquimia de Paracelso, do idealismo alemão, da Rosa-cruz e de idéias semi-místicas, como a doutrina do vitalismo, já enunciada por Hipócrates e Galeno.
A força vital seria uma energia especial ( fluídos ), uma entidade metafísica bem distinta das propriedades da matéria e que atuaria em três planos vibratórios: mental-espiritual, emocional e físico e como as doenças resultam dos distúrbios desta força, os medicamentos homeopáticos teriam a função de restaurar a força vital e proporcionar melhor imunidade contra as doenças .
Muitos englobam a homeopatia nas terapêuticas alternativas, como a imposição das mãos, passes, reiki , água fluidificada, florais de Bach e acupuntura, por esta razão os medicamentos homeopáticos foram muito receitados nos centros espiritas e na umbanda, uma vez que suas ações na essência não seriam de natureza material.
Isto levou muitas pessoas a pensar que a homeopatia fosse uma religião, entretanto Espiritismo e Homeopatia são doutrinas bem distintas e surgiram em épocas e locais bem diferentes e existem tantos médicos-homeopatas espiritas como médicos- homeopatas ateus.
De acordo com Prof. Carlos Rizzini, a homeopatia de Hahnemann atravessou os umbrais da matéria e ingressou no mundo não-físico ou espiritual e foi no espiritismo que a Homeopatia teve maior aceitação, em razão dos medicamentos homeopáticos agirem sobre os fluídos, isto é, na junção corpo-espírito.
A maioria dos cientista e médicos não aceita o lado metafísico da homeopatia e afirmam que a cura se dá por um efeito placebo, auto-sugestão ou através de uma cura natural com liberação de endorfinas. Vou relatar sucintamente algumas teorias e pesquisas mais recentes, que tentam explicar o lado científico da homeopatia.
Placebo é um efeito terapêutico psicossomático não específico, cujo nome tem origem do Salmo latino “ Placebo Domino in regione vivorum”( quero agradecer ao Senhor na terra dos vivos), que era dito à cabeceira dos moribundos na Idade Média.
Pesquisa realizada na Escola Paulista de Medicina juntamente com médicos homeopatas e alopatas, em pacientes com artrite reumatoide, concluíram que o grupo que recebia medicamentos homeopáticos apresentou uma melhora significativa em relação ao grupo que recebeu placebo ( substancia inativa) e que este efeito benéfico não sofreu interferência de ordem psicológica ou auto-sugestão.
Com relação a lei da Similitude, os homeopatas admitem que não sabem explicar exatamente como seus medicamentos agem, mas rebatem dizendo que a vacinação, usada na medicina ortodoxa se aproxima muito da homeopatia, pois a vacina é feita do mesmo agente que provoca a doença, paciente com diabete insípido e que expelem grande quantidade de urina reagem bem a diuréticos, e os raios X usados para tratar o câncer também o causam.
Selecionei alguns medicamentos que podem produzir efeitos semelhantes aos sintomas da doença:
O salbutamol é usado no broncoespasmo e produz broncoespasmo em algumas pessoas; a resperidona usada nas psicoses e esquizofrenia pode provocar algumas vezes sintomas da própria doença; a leflunomida é usada nas dores articulares mas pode produzir dor na articulação;a fluoxetina usada na depressão e ansiedade pode causar ansiedade; alguns medicamentos usados na arritmia cardíaca pode produzir alterações do ritmo cardíaco; adesivos de nicotina são usadas no tratamento do tabagismo.
Os medicamentos citados não são formulações homeopáticas, mas sugerem que a lei do Similia Similibus Curantur de Hahnemann, não é totalmente ilógica ou absurda.
Por outro lado, sabemos que as propriedades farmacológicas de um medicamento dependem do número de moléculas que ele contém e que elas agem competindo com receptores localizados nas células ou sobre sistemas enzimáticos e não havendo uma só molécula terapêutica num vidrinho que contenha medicamento homeopático como ele agiria? Esta é uma questão que intriga os médicos, veterinários e cientistas.
Einstein comprovou que massa e energia são faces de uma mesma moeda sendo a massa uma forma de energia condensada. Conforme a física quântica, um centímetro cúbico de espaço vazio pode conter uma quantidade imensa de energia virtual e que um fóton pode agir como partícula ou como onda.
Como a onda é algo que se movimenta no espaço propagando energia e informações num meio material ou no vácuo ( ondas eletromagnéticas), nas diluições homeopáticas dinamizadas , cada vez que se detecta menos o componente corpuscular (moléculas), a água o álcool ou a lactose usadas como veículos, ficam impregnados dos componentes ondulatórios dos sistemas quânticos, produzindo as ações dos medicamentos homeopáticos
De acordo com o físico Walmir Silva, da Empresa de Pesquisa Agropecuária -SC (EPAGRI), o que faz funcionar o medicamento homeopático são as ligações químicas de funções onda, que é o dispositivo que faz com que exista a ação de algo, mesmo que não esteja alí, algo que vai além do espaço tempo.
Segundo outros físicos a energia vital seria em nós, a energia psíquica de natureza magnética ou bosômica ( bóson, a partícula de Deus).
O cientista Emilio Del Giudice da Universidade de Milão, observou que campos magnéticos produzidos por uma substância numa solução, gerava alterações específicas na água como se fosse uma “impressão digital” que ela deixava na água.
Importantes pesquisas realizadas pelo Prof. José Faigle, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas demonstraram que colocando-se num campo magnético, um frasco contendo atropina (colírio usado para dilatar a pupila dos olhos) e outro frasco contendo só água, após algum tempo, a água pingada no olho dos animais produz o mesmo efeito dilatador da pupila.
Eu creio que ainda são necessárias mais pesquisas para saber como a atividade da atropina passou para a água, em quais receptores celulares a “impressão digital” deixada por ela vai agir e de que maneira.
Entretanto os homeopatas afirmam, se a energia cinética fornecida por um medicamento homeopático for superior ou semelhante a frequência do campo magnético do organismo, que está alterado e causando a doença, as frequências irão entrar em ressonância restabelecendo o equilíbrio, portanto a saúde .
Para Prof. Marcus Zulian da Disciplina de Fundamentos da Homeopatia do Curso de Medicina da USP, mesmo que os medicamentos homeopáticos não tenham nenhuma molécula das substâncias originais , elas deixam sua “memória” na água do veículo, levando informações para ao organismo enfermo.
Enquanto os pesquisadores tentam explicar a homeopatia através da ciência, parece-me que a Homeopatia metafísica continua prevalecendo juntamente com outras modalidades de terapias alternativas
Na medicina tradicional os pacientes são tratados pelos sintomas da doença e na homeopatia o doente é tratado como um todo , numa abordagem mais holística , mesmo assim muitas pessoas ainda afirmam que a homeopatia atua através da fé.
Com fé ou sem fé, devemos lembrar-nos que homeopatia é muito usada em crianças, pacientes em coma, deficientes mentais e também em animais.
Conforme dados estatísticos, existem em torno de 200.000 mil médicos homeopatas no mundo e mais de 200 milhões de pessoas se beneficiam da homeopatia anualmente dos medicamentos homeopáticos.
Na Alemanha 30% dos médicos de família são homeopatas e na Itália 86% das pessoas utilizam medicamentos homeopáticos..
No Brasil existem mais de 15 000 médicos homeopatas e milhares de farmácias e laboratórios manipulando ou produzindo medicamentos homeopáticos, além de veterinários e agrônomos especializados em homeopatia. Alguns cursos de Medicina e Veterinária já oferecem disciplinas optativa de homeopatia e no curso Farmácia ela faz parte da grade curricular.
Na Empresa de Pesquisa Agropecuária (EPAGRI) em Lages, a Homeopatia está sendo usada na cura das doenças das plantas e dos animais domésticos e os medicamentos homeopáticos são produzidos no Laboratório de Homeopatia e Saúde Vegetal da própria instituição.
Em Campo Grande-MS, o Prof. Claudio M.Real, médico- veterinário homeopata é o responsável técnico de uma das maiores indústrias de medicamentos homeopáticos do Brasil.
Além de produzir produtos homeopáticos para pequenos animais é pioneiro no uso da “Homeopatia populacial”, para tratar rebanhos, com uma ação curativa e preventiva, estimulando a defesa dos animais. Alguns medicamentos homeopáticos são usados em forma de nosódios ou bioteráticos , que são lisados preparados com o próprio agente da enfermidade (bactérias, fungos, vermes etc.).
Anthony Campbell, médico do Hospital Homeopático Real de Londres explica que os médicos homeopatas modernos não consideram a homeopatia só uma alternativa para o tratamento ortodoxo, mas um complemento para ele, e reconhecem a necessidade de cirurgias e de prescrever medicamentos, tais como, antibióticos, vermífugos, vitaminas e hormônios.
Para concluir este assunto, vou lembrar o pensamento do médico e farmacólogo Elisaldo Karlini, da Escola Paulista de Medicina, que afirmou: se milhões de pessoas absolutamente convictas que foram curadas e tratadas por médicos homeopatas competentes e honestos, fica difícil dizer que a homeopatia é uma quimera.


