Está Chegando a Hora! - Crônica do professor Eduardo Ayala

[caption id="attachment_4768" align="aligncenter" width="620"]Foto Observator UK Foto Observator UK[/caption]   Prof. Dr. Eduardo J. Z. Ayala.   “Cheguei à conclusão, talvez tarde demais, de que os discursos devem ser curtos.” (Fidel). Qual era a perspectiva de um país isento de resultados positivos visíveis e, ainda por cima, convertido, ao longo de mais de cinco décadas, numa banal fabriqueta de fábulas e miragens? Nenhuma que compensasse o sofrimento moral e a humilhação resignada de gerações de cubanos! Era previsível que, mais dia menos dia, os Castro dobrariam os joelhos diante do “capitalismo selvagem”. O autor Inglês Michael Reid, no seu livro “Forgotten continent”, resume a ideia bastante difundida dentro e fora da Ilha: “Raúl Castro, de acordo com a opinião geral, é um administrador eficiente e parece ser a favor de uma abertura da economia ao estilo chinês, mantendo o controle político, claro... Cuba também poderia evoluir na direção de um regime capitalista autoritário como o PRI do México, ou poderia tornar-se rapidamente uma democracia”. Antes, porém, é exigência básica aguardar que a gerontocracia dos Castro, agora “in extremis”, saia de cena para desmantelar, de uma vez para sempre, a farsa do “paraíso igualitarista”. Quando o meu advento à docência universitária brasileira, fiquei embasbacado com a profusão de mestres apaixonados pelas ideias imorredouras de Marx e seus acólitos. Eu trazia, como fruto do meu doutorado em USA, conhecimentos voltados para o campo do planejamento e economia da educação. Se eu falava sobre a importância da análise de custo-benefício dos investimentos na esfera educacional, era “ipso facto” rotulado de “tecnicista”; quando destacava a necessidade de validar-se uma hipótese por meio do teste estatístico, por pouco não fui apedrejado por “positivista”... Juro, a minha passagem por uma instituição eivada de arcaísmos ideológicos, de um corporativismo que impingia um pluralismo vulgar de um lado só e, para cúmulo, que ainda nutria um hostil desprezo pelos que pensavam diferente foi, não poucas vezes, demasiado tensivo, traumatizante, apreensivo... Esses mesmos professores pseudo-marxistas, enalteciam extasiados as conquistas de Cuba no plano social (saúde e educação, fundamentalmente), econômico, cultural, esportivo... Eram verdadeiros aedos de um socialismo dependente, artificial e subvencionado pela ex-união soviética e os seus satélites do leste europeu (o socorro chegava a dez bilhões de dólares anuais); em definitivo, aquele país do caribe, segundo esses revolucionários com risco zero, era um exemplo luminoso para a América Latina. Mas, com a queda do Muro de Berlin... Bem, o leitor já conhece o “tenebroso finale”, o triste desfecho: na Ilha tudo era provisório, puríssimo fogo fátuo...! Por sinal, referindo-se à educação no seu país, a dissidente Yoani Sanchez, na sua obra “De Cuba com carinho”, diz: “tomamos cuidado para que ninguém se aproxime lascivamente dos nossos filhos, porém, poucos se dão conta quando a mão-boba se concentra nas mentes e não nos corpos. A ideologização da educação cubana chegou a um ponto que alarma inclusive aqueles que, como nós, se formaram submetidos a esses mesmos métodos. Ao pegar um livro didático ou revisar o sistema de avaliação já é possível notar o quanto a doutrina ganhou terreno em detrimento do conhecimento”. E, por estas bandas, a prática pedagógica não é tão diferente, Yoani! Estive em Cuba em varias oportunidades, durante e depois da era Fidel; em artigo anterior publicado neste mesmo jornal relatei as minhas vicissitudes quando turista nesse país. Não são poucos os amigos que tenho por lá, e foram eles que sempre me aconselharam a ficar longe dos guias de turismo ou quaisquer representantes oficiais. “Todos ellos mienten acerca de nuestra situación”, reiteravam-me até a exaustão, e, com tal revelação eufemística, apenas queriam dar-me a entender que sofriam de sérias privações, de uma sensível queda de calorias per capita na ingesta, de uma espécie de consumpção progressiva; em suma, e em termos categóricos, em Cuba a fome tornara-se endêmica! No tocante a esse debacle, o cubano Leonardo Padura no seu belíssimo romance histórico “O homem que amava os cachorros” além de referir-se, com tamanha crueza e verossimilitude, à fome, `a avitaminose, às carências materiais de todo tipo, e a outros males na Ilha, conclui: “As promessas que nos alimentaram durante a juventude e nos encheram de fé, de romantismo participativo e espírito de sacrifício desmancharam-se ao vento enquanto nos acossavam a pobreza, o cansaço, a confusão, as decepções, os fracassos, as fugas e as separações. Não é exagero dizer que atravessamos quase todas as etapas possíveis da pobreza.”. Pois é, chegou a hora do esboroamento do que resta da apócrifa doutrina comunista em Cuba, ela não resistiu ao mais simples teste de realidade, do dia a dia, do cotidiano... O materialismo histórico como imaginário prenúncio délfico foi, de fato, um rotundo fracasso universal! No âmbito diplomático, o secretário de Estado estadunidense John Kerry reabrirá a embaixada norte-americana em Havana com o intuito de fazer “trocas de alto nível”. Após aparar algumas arestas, deverão discutir questões relacionadas com a imigração, os direitos humanos, o combate às drogas... Quanto às viagens, as restrições serão mínimas: se expedirão vistos às famílias cubanas, funcionários governamentais de ambos os países, agrupamentos religiosos, jornalistas, ativistas humanitários, pesquisadores... Na área econômica, as telecomunicações e a internet operarão na Ilha para intercambiar informações recíprocas, materiais de construção e equipamentos de agricultura serão enviados a Cuba com o objetivo de reconstruir cidades e produzir alimentos, o envio trimestral de remessas de dinheiro de USA para as famílias cubanas serão ampliadas de 500 para 2000 dólares, instituições financeiras da Ilha disponibilizarão o acesso do capital americano... Isto posto, pode-se dar adeus às veleidades utópicas da esquerda oligofrênica e recalcitrante!  

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