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Toda arte de Flamarion Trevisan - Exposição começa dia 5 de outubro
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2001 Doma Flamarion Trevisan - Divulgação[/caption]
Ludwig Larré
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Desenho de Eduardo-Trevisan do filho, FlamarionTrevisan-1981 - Divulgação[/caption] A marcante presença da figura humana imersa na realidade e na abstração dos elementos da natureza e nas ferramentas de construção do palpável e do imaginário imprimem na arte de Flamarion a profundidade reflexiva das dimensões tempo e espaço. O espaço enquanto contexto social das inquietudes da alma; o tempo como trajetória de análise, interpretação e busca de compreensão dos conflitos existenciais. "O contato com as coisas primárias e essenciais à vida na natureza. O esforço do homem para viver e controlar esta força", diz o artista, que se define como um pintor figurativo e impregna de temática social as pinceladas de um expressionismo simbólico. O simbolismo salta ao olhos nas telas de Flamarion: São Pedro, padroeiro do Rio Grande, crucificado de cabeça para baixo, assume essa representação identitária em uma cruz reposicionada; uma foice se faz lua; os elementos circundantes problematizam a metamorfose da borboleta; a criança sobe no poste para libertar a pandorga de seus sonhos do emaranhado dos fios que traduzem as idiossincrasias da modernidade. A formação clássica e acadêmica de Flamarion, amalgamada ao DNA de tintas e cavaletes inscrito no sobrenome Trevisan, é determinante para uma auto-exigência quase obsessiva em relação à anatomia, ao desenho até as últimas consequências, à estruturação rigorosa da composição. A textura é construída por meio de efeitos da própria pincelada. As cores fortes são obtidas tanto por transparência como por textura. O equilíbrio de sombra e luz é característica inconfundível. Os quadros, quase todos noturnos, explicitam a preferência do artista pela expressão da luz partindo do escuro e vencendo as trevas inconscientes da condição humana. Na leitura de Flamarion para a jornada do homem através do tempo, o fogo é o elemento mágico que esclarece a percepção e conduz à libertação da alma e à viabilização da expressão artística. Esta exposição encerra um ciclo na carreira de cinquenta anos de pintura de Flamarion. Por limitações impostas pela saúde, o artista precisou abandonar os solventes da tinta à óleo. Doravante teremos uma fase de descobertas, redescobertas e adaptações de técnicas e possibilidades trazidas pela necessidade do uso da tinta pura. A essência, entretanto, permanecerá a mesma. Como propõe Tolstoi, Flamarion alcança a universalidade retratando sua aldeia. O universo gaúcho - e sulino, por extensão - emoldura essa representação pictórica do homem de Ortega y Gasset, que é o homem e sua circunstância. "A doma, por exemplo: o homem luta com os instintos primários, representados pelo cavalo, mas não quer matá-los. Luta para conquistar um aliado. O dorso do cavalo está na linha do horizonte, limite entre céu e terra. O homem tenta agarrar-se a alguma coisa, que não o animal, mas só encontra o vazio. A luta precisa ser vencida e é intransferível. Homem e cavalo - razão e instinto - tornam-se uma coisa só", falam os pincéis pela boca do pintor. [caption id="attachment_6293" align="aligncenter" width="640"]
2002-Guardião-Sepé-FlamarionTrevisan.- Divulgação[/caption]
Pedro Freire Jr. - Reprodução[/caption]
Mistérios. Até hoje, atravessando longamente o tempo, eu não sei que sou. Nasci na fronteira. Fui para cidade grande. Vieram todos para Santa Maria. Aqui fui conhecendo gente, Fazendo afetos e alguns desafetos. Cauteloso e assustado com a vida, fui frequentando lugares e espaços. Meu pai me mostrava mais as letras que os números. E com elas fui me habituando. Elas forma me levando ao encontro de outros que com elas conviviam. Fui frequentando uma confraria de gente muito especial.
Fui frequentando uma confraria de gente muito especial. Foram surgindo na minha vida, um Moacir Santana e as faces da amargura; a encantadora de esperança e revolta de um Ernani Vanacor; a competência delicada de Maria Bernardes; a agudeza e rapidez de raciocínio de meu amigo Larré; a etílica alegria de Gabriel Abbot; o Viriato, o Zago gente das minhas noites; Robinson, Paulo, Veppo gente dos meus dias. Não foram muitos, mas foram fortes.
Mas de todos, o mais forte deles: Eduardo Trevisan. Ele e todos os seus filhos. Mas entre eles, o mais querido, o Flamarion. O Vanacor teria manifestado um dia que gostaria que tivesse sido seu filho. A poesia nos unia. Alguma coisa muito forte e muito pura me unia ao Eduardo. E eu, que tivesse filhos encantadores, gostaria que Flamarion fosse mais um deles.
O que, verdadeiramente, nos abraça, eu não sei. Quais são os mistérios que traçam nossos destinos. E nem ao menos estamos perto um do outro. Ele vivia no meio do mato com o mar a sua frente. Eu no caos e turbilhão das ruas. Ele sujo de imagens. Eu sujo de tinta. Ele falando de palhaços. Eu, muitas vezes, entre eles. Ele me telefonando de madrugada. Eu atendendo o telefone. Ele me ligando de alguma parte do mundo para me dizer onde estava. Eu feliz por saber onde estava.
E tudo isto é para apresenta-lo. Não é preciso. Sua pintura fala por si. E eu tenho, às vezes, a impressão que o Eduardo continua pintando através do pincel do Flamarion. E, agora, mais liberto. Mais inteiro. Mais sublime. Deus te abençoe, Flamarion, porque eu estou abençoado em te conhecer.
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Lições - Flamarion Trevisan - 2001 - Divulgação[/caption]
2001 Província de São Pedro - Flamarion Trevisan - Divulgação[/caption]
Xiru - Flamarion Trevisan[/caption]


Desenho de Eduardo-Trevisan do filho, FlamarionTrevisan-1981 - Divulgação[/caption] A marcante presença da figura humana imersa na realidade e na abstração dos elementos da natureza e nas ferramentas de construção do palpável e do imaginário imprimem na arte de Flamarion a profundidade reflexiva das dimensões tempo e espaço. O espaço enquanto contexto social das inquietudes da alma; o tempo como trajetória de análise, interpretação e busca de compreensão dos conflitos existenciais. "O contato com as coisas primárias e essenciais à vida na natureza. O esforço do homem para viver e controlar esta força", diz o artista, que se define como um pintor figurativo e impregna de temática social as pinceladas de um expressionismo simbólico. O simbolismo salta ao olhos nas telas de Flamarion: São Pedro, padroeiro do Rio Grande, crucificado de cabeça para baixo, assume essa representação identitária em uma cruz reposicionada; uma foice se faz lua; os elementos circundantes problematizam a metamorfose da borboleta; a criança sobe no poste para libertar a pandorga de seus sonhos do emaranhado dos fios que traduzem as idiossincrasias da modernidade. A formação clássica e acadêmica de Flamarion, amalgamada ao DNA de tintas e cavaletes inscrito no sobrenome Trevisan, é determinante para uma auto-exigência quase obsessiva em relação à anatomia, ao desenho até as últimas consequências, à estruturação rigorosa da composição. A textura é construída por meio de efeitos da própria pincelada. As cores fortes são obtidas tanto por transparência como por textura. O equilíbrio de sombra e luz é característica inconfundível. Os quadros, quase todos noturnos, explicitam a preferência do artista pela expressão da luz partindo do escuro e vencendo as trevas inconscientes da condição humana. Na leitura de Flamarion para a jornada do homem através do tempo, o fogo é o elemento mágico que esclarece a percepção e conduz à libertação da alma e à viabilização da expressão artística. Esta exposição encerra um ciclo na carreira de cinquenta anos de pintura de Flamarion. Por limitações impostas pela saúde, o artista precisou abandonar os solventes da tinta à óleo. Doravante teremos uma fase de descobertas, redescobertas e adaptações de técnicas e possibilidades trazidas pela necessidade do uso da tinta pura. A essência, entretanto, permanecerá a mesma. Como propõe Tolstoi, Flamarion alcança a universalidade retratando sua aldeia. O universo gaúcho - e sulino, por extensão - emoldura essa representação pictórica do homem de Ortega y Gasset, que é o homem e sua circunstância. "A doma, por exemplo: o homem luta com os instintos primários, representados pelo cavalo, mas não quer matá-los. Luta para conquistar um aliado. O dorso do cavalo está na linha do horizonte, limite entre céu e terra. O homem tenta agarrar-se a alguma coisa, que não o animal, mas só encontra o vazio. A luta precisa ser vencida e é intransferível. Homem e cavalo - razão e instinto - tornam-se uma coisa só", falam os pincéis pela boca do pintor. [caption id="attachment_6293" align="aligncenter" width="640"]

De pais e filhos
Pedro Freire Jr. (in memoriam) [caption id="attachment_6296" align="alignright" width="260"]

O parto Flamariônico
James Pizarro Convivi e servi chimarrão a seu pai, Eduardo Trevisan, imortal pintor de Santa Maria. A quem a UFSM cometeu o pecado mortal, imperdoável, de não o ter como docente do Centro de Artes. Flamarion Trevisan foi criado neste lar onde se respirava arte, pintura, desenho. Hoje, meu vizinho em Florianópolis, convivemos mais de perto. Fico a lembrar da brutal destruição de tecidos e a criação de novos tecidos pelas quais passa a larva de um inseto até se transformar numa colorida borboleta. A metamorfose dolorida que o lepidóptero passa com suas histólises e histogêneses para - finalmente - passar da forma de larva. Até à gloriosa forma de bicho leve, delicado, alado, pousando de flor em flor à procura de néctar e grãos de pólen. Por esta transformação passou Flamarion. Da forma embrionária que guarda resquícios do genoma paterno, visível nos traços de seus gaúchos e ambientes do pago pampeano. Até o estágio adulto e independente dos seus quadros abstratos. Que tanto me emocionam. E aprisionam meu afeto. [caption id="attachment_6291" align="aligncenter" width="640"]
Exposição de Flamarion Trevisan
Local: Salão Panorâmico da APUSM - Avenida Nossa Senhora das Dores, 791
Abertura: 5 de outubro, às 19h30
Dias: 5 a 16 de outubro
Horário: Segunda à Sexta-Feira, das 8h até às 18h
Entrada livre
Outras informações você pode obter através do e mail: [email protected] ou pelos telefones (55) 3023-4856 / 3223-1975 / 3026-3683 / 3221-4856
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