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Fotografia: Gare, 1941 - por Luiz Gonzaga Binato de Almeida
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Fotografia: Santa Maria, 08/11/1941, autoria “Casa Aurora - Santa Maria”, P&B, 13,5 cm x 18 cm, acervo Casa de Memória Edmundo Cardoso.[/caption]
Luiz Gonzaga Binato de Almeida - Arquiteto/ professor universitário aposentado
Sábado, 8 de novembro de 1941, Santa Maria. Aportam na Estação, Lya Bastian Meyer (à direita) e dançarinos. Entre outros, recebe-a Jorge Pedro Abelin (à esquerda), gerente do Cine Theatro Imperial, em cujo palco no dia seguinte luziria essa estrela.
Pioneira do balé clássico no Rio Grande do Sul, Lya era porto-alegrense, nascida em 23 de janeiro de 1911. Viveu e morreu na mansão que seu pai, o comerciante Oscar Bastian Meyer, erigiu em extensa área na orla do Guaíba. Nobre é o bairro: Pedra Redonda, Zona Sul da capital. Oscar dedicou a propriedade à esposa, Clotilde. Daí, o nome: “Vila Clotilde”. Hoje nela moram descendentes de Lya.
Nossa bailarina estudou em Berlim com renomadas mestras russas e alemãs. Tão bem dançava, que o III Reich convidou-a para radicar-se na Alemanha. Permaneceu em Porto Alegre, onde foi notável dançarina e professora.
Santa Maria a assistiu, com doze dançarinas e cinco dançarinos da Escola de Bailados do Theatro São Pedro, da qual era diretora. O espetáculo integrava o programa da V Exposição Estadual de Animais e Produtos Derivados, cá realizada, no então recente Parque Imembuy (onde agora ficam a Escola Cilon Rosa e a Vila Militar Cel. Niderauer). Às 9 h 30 min do dia 9 de novembro de 1941, manhã de domingo, o certame foi solenemente aberto pelo interventor federal no Estado, cel. Osvaldo Cordeiro de Farias. Aqui cumpriu intensa agenda, finda às 20 h no Imperial, quando autoridades e concorridíssimo público maravilharam-se com Lya e o corpo de baile. (O interventor era o homenageado da noite, véspera do 4.º aniversário do ditatorial “Estado Novo”, de Getúlio Vargas).
As coreografias apresentadas foram “Largo” (Haëndel); “Impressões: 1. Juventude; 2. Maternidade” (Godard); “Balões” (Debussy); “Gitaneras” (Granados); “Harlequinade” (do gaúcho Walter Schultz Porto Alegre); “Rapsódia Húngara n.º 2” (Liszt) e “Carnaval à antiga” e “Batuque”, da ópera-balé “O acendedor de lampiões” (Walter Schultz Porto Alegre), composta no ano anterior, 1940. Note-se a inclusão de duas obras de um músico sul-rio-grandense, contemporâneo ao evento.
Durante o intervalo, uma placa de ardósia cinza, formato 35 cm x 39 cm, foi descerrada no saguão do Imperial. Fino é o texto: “Lya Bastian Meyer dansou neste Theatro”. Falou, a Srta. Helena Brenner, professora do Colégio Centenário. A diva agradece e recebe flores.
Ao evento coreográfico, seguiu-se um baile de gala oficial no auditório da Escola Normal Olavo Bilac.
Décadas após, em 10 de julho de 1979, o Cinema Imperial fecha para sempre. As placas memorativas fixadas no vestíbulo chegam, depois, às mãos de Edmundo Cardoso, um dos articuladores da presença de Lya, aqui. A Casa de Memória com o nome deste intelectual - cujo centenário de nascimento em 2017 transcorre - mantém o original dessa imagem (trabalho da “Casa Aurora”, fundada nesta cidade em 1931, por Simão Sioma Breitmann, na rua Dr. Bozano n.º 1.223, porém administrada, na época da foto, por seu irmão Jacob Sioma Breitmann). A Casa de Edmundo conserva também a referida placa, testemunha silente de uma noite de luz.
Notas: 1. Única filha de Oscar Bastian Meyer e de Clotilde Lüderitz Meyer, a mãe, avó e bisavó Eliane Clotilde Bastian Meyer Schmitz (“Lya Bastian Meyer”), viúva de Henrique Humberto Schmitz, com quem casara em outubro de 1933, falece aos 95 anos na morada, em cujos jardins, dançava. A família Schmitz mantém um recorte de jornal daqui, ano 1941, com registro dessa apresentação de Lya e seu grupo.
Outras notícias sobre o evento, encontrei nos exemplares do “A Razão”, da época, pertencentes ao Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria.
Contato do autor: [email protected]
