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“A motivação construiu a UFSM” - In Memoriam - APUSM reproduz a última entrevista do professor José Basílio da Rocha Netto
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(Foto Ricardo Ritzel APUSM)[/caption]
A direção e funcionários da APUSM se solidarizam com a família e os amigos do professor e engenheiro José Basílio da Rocha Netto, falecido nesta sexta-feira, dia 3, na cidade de Santa Maria.
A última entrevista deste pioneiro da UFSM foi para o Jornal da APUSM, em setembro de 2013, quando relembrou com muito bom humor os primeiros tempos da universidade santa-mariense, algumas vezes emocionado, outras nostálgico e sempre com a humildade daqueles que participaram de corpo e alma de momentos importantes de nossa história.
“Hoje, olhando para trás, foi uma época de muito trabalho, mas foi tudo maravilhoso. E com um grupo fantástico de pessoas muito motivadas. A motivação construiu a UFSM”, recordou, então, o professor José Basílio.
Confira abaixo os melhores trechos de sua conversa com os jornalistas Gaspar Miotto e Ricardo Ritzel.
Em 1972, o professor e engenheiro Basílio Netto apresentou o prédio do Hospital Universitário para a comunidade santa-mariense. Foto arquivo pessoal JBRN - APUSM[/caption]
Surge uma cidade nos campos de Camobi
“Em um determinado momento, tínhamos um contingente de 500 operários trabalhando em Camobi e precisávamos de mais. Porém, não havia mão de obra suficiente na cidade. Santa Maria era uma cidade pequena no inicio dos anos 1960. Não houve dúvidas: fomos buscar trabalhadores nas cidades próximas. Aí passamos a ter mais de 800 pessoas diretamente envolvidas nas obras da Cidade Universitária.
E mais, começamos também a oferecer cursos de formação para todo este pessoal. Se não era depois do expediente, era nos finais de semanas. E com isso, pode-se dizer que, também, propiciamos qualificação e uma melhor renda para uma verdadeira multidão de pedreiros, carpinteiros, pintores e eletricistas de toda a região.
Dava gosto de ver esse pessoal trabalhando. Comovia. Eles zelavam tanto pelo trabalho, estavam tão motivados que as nossas ferramentas e maquinários impressionavam pelo seu estado de conservação, mesmo com uma utilização acima do normal.
Então, foi um grupo que me marcou muito, com muitas pessoas excepcionais, acima da média. Tanto que, hoje, quando encontro alguns deles, faço questão de relembrar daquele tempo, das histórias, enfim, reatar sólidas amizades construídas em meio a muito trabalho, mas muito trabalho mesmo”.
Trabalho, trabalho e mais trabalho.
Teve um momento que nós começávamos uma obra já sabendo que ela teria que estar pronta rapidamente para que o pessoal que iria ser aprovado no vestibular daquele ano fosse utilizar nas primeiras aulas na universidade, no início do ano seguinte. E isto foi feito.
Por isso, alguns prédios levaram tanto tempo para serem finalizados. A estratégia era a seguinte: começamos a construir vários edifícios e fazíamos uma parte da construção que seria utilizada por determinada turma. Depois, íamos fazer mais um setor de outro prédio, que seria a sala de aula de outra classe, de outro curso. E assim fomos indo, de sala em sala, de prédio em prédio.
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Hospital Universitário: “Junto com o planetário, o HUSM foi a construção mais complexa e cheia de detalhes do campus da UFSM”, enfatizou[/caption]
Os prédios mais complexos
“Não há edificação igual à outra na universidade. Não foi como construir um complexo de prédios habitacionais, todos iguais, um ao lado do outro. Cada um desses prédios tinha a sua especificação, a sua utilização e a suas necessidades, conforme o curso que era destinado.
E, se houve um prédio que tivemos que ter um cuidado todo especial na sua construção, foi o do Hospital Universitário. Ali tivemos que considerar tantas instalações especiais, tantos detalhes, que nenhum outro teve. E, ainda, foi uma obra volumosa, imensa.
Outro que tivemos também bastante trabalho foi o do Planetário. Era uma obra com características especiais pela sua forma e necessitava de um determinado tempo para que o concreto usado secasse. Havia necessidade de tempo estável, com sol. Não é que, exatamente quando estávamos trabalhando nele tivemos um período de chuvas intensas em Santa Maria! Fizemos tudo de novo, várias vezes, até dar tudo certo”.

“A motivação construiu a UFSM”
Se existe alguém que possa falar, hoje, sobre detalhes da construção do campus de Camobi, e com propriedade, esta pessoa é o engenheiro civil santa-mariense e também professor universitário, José Basílio da Rocha Netto, de 78 anos, casado, dois filhos, dois netos e outro a caminho. Basílio, como é conhecido por seus colegas, alunos e amigos, foi o primeiro diretor do Escritório de Obras da UFSM e esteve ligado diretamente à construção de toda a Cidade Universitária, desde 1962 até sua aposentadoria na metade da década de 1990. E, mais, fez isto em um tempo que Santa Maria era apenas uma pequena cidade do interior, com uma oferta reduzidíssima de materiais de construção e também com uma expressiva carência de mão de obra especializada para levantar um conjunto de edificações tão expressivas, complexas e de forma tão rápida. “Na época em que estávamos trabalhando, era tudo tão corrido, tão urgente, que mal olhávamos para trás. Na verdade, somente fomos perceber a grandiosidade do que estávamos fazendo algum tempo depois, quando a Cidade Universitária já estava cheia de alunos e com aquela convivência fantástica que ela proporciona. Com estudantes e professores de todas as áreas e cursos em um só local. Hoje, olhando para trás, foi tudo maravilhoso”, recorda o professor. Um convite: voltar à Santa Maria “Formei-me em Porto Alegre e, logo, já estava trabalhando na CIENTEC. Mais ou menos um ano depois, em 1962, recebi a visita do professor Mariano da Rocha Filho. Ele me convidou para trabalhar como engenheiro nas construções da Cidade Universitária e, à noite, lecionar no curso de Engenharia Civil. Entrei direto na construção do campus. Não foi nada fácil. O trabalho era imenso, exaustivo, uma verdadeira “pauleira” de 25 horas por dia, incluindo sábados e domingos. Mas havia um diferencial importante: todos no grupo estavam bastante motivados. E isto tornou aquela época maravilhosa”. [caption id="attachment_5761" align="aligncenter" width="640"]
