"Apressa-te lentamente", uma crônica do professor Máximo José Trevisan

[caption id="attachment_9036" align="aligncenter" width="600"]Foto reprodução internet Foto reprodução internet[/caption] Máximo José Trevisan* O importante (a vida ensina) não é o quê nem o quanto se sabe, mas o quê e o quanto se sabe fazer com o que se sabe. A vida mostra também: há os que sabem viver; são os sábios!  Há os outros, os que não sabem viver! Alguns até são doutores, mas quem disse que a vida exige diplomas para o ser humano saber viver? A prática é mais simples e menos exigente do que se pensa: cobra tão somente uma boa dose de sabedoria, necessária  para dar sentido, um rumo ao existir. Há um outro lado que não se pode desconhecer: todos vivemos dentro da vigente cultura da esperteza! O mundo é dos espertos, diz o povo. Olhe ao seu redor ! A cultura da esperteza valoriza e premia quem procura levar vantagem em tudo. Aprender a arte de ser feliz não seria esperteza, no bom sentido? Ou é ingênuo quem assim pensa? Por que não é censurado quem obedece cegamente à Lei de Gerson? A vida, no entanto, não deixa por menos e insiste em perguntar: como se pode esperar farinha branca, bonita e saborosa, se no moinho dos espertos você só coloca  trigo mofado e úmido? É bem conhecida a posição do ex-ministro Delfim Neto, quando todo poderoso no Brasil. Era preciso fazer antes o bolo para depois reparti-lo! A geração antiga levou muito a sério a ordem: primeiro, é preciso trabalho, muito trabalho; depois, só na aposentadoria, pensar em descanso e gozar a vida com o conquistado!   Perguntam os jovens: por que a vida deve ser assim? Por que não repartir o bolo, enquanto está sendo feito? Por que não trabalhar, ser competente e dedicado, e também dar espaço e vez ao prazeroso? Por que não se pode ser feliz tendo compromissos e responsabilidades? A geração y contesta: não queremos ser como os mais velhos! Mas esses insistem: os jovens não sabem o que é a vida, as suas cobranças, as suas exigências, os seus desafios! Querem o que a vida não lhes dá tão cedo, procuram o bônus sem o ônus!  Pergunta-se: o conflito é inevitável? Com quem está a sabedoria de viver? Quem está com a razão? O poeta romano Horácio, na ode 1.11, ao dirigir-se a uma personagem feminina, escreveu: “Não interrogues, não é lícito a mim ou a ti saber/ que fim os deuses darão, Leucônoe. Nem tentes/ os cálculos babilônicos.” E adiante: “...enquanto conversamos terá fugido despeitada/ a hora. Colhe o dia (carpe diem), minimamente crédula no porvir.” A expressão carpe diem atravessou os séculos e o mundo; é citada frequentemente, aliás mais falada e lida do que vivida! Existe um provérbio latino que parece seu co-irmão: Apressa-te lentamente! Que sabedoria! Diz o povo: o mundo não conta com os lentos, pois esses sempre chegam depois. E os apressados? O povo também afirma que eles comem cru! Apressa-te lentamente. Afinal, só vê a paisagem quem dá tempo aos olhos de perceber o mundo à sua volta! * [email protected] -  escritor, advogado, membro da Academia Santa-Mariense de Letras (ASL).  

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