O que é ser mulher cientista no Brasil?

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A pesquisa científica tem um valor imensurável em nosso dia a dia. Durante períodos pandêmicos a relevância dela fica cada vez mais evidente. Mas fazer ciência vai muito além de descobrir vacinas ou a cura para uma determinada doença. Mesmo com essa importância tão grande, pesquisas seguem não recebendo a valorização devida. Além disso, ser mulher e fazer ciência é um desafio diário e pesquisar na área das ciências humanas ainda mais. A jornalista e doutoranda Alice Bianchini Pavanello, a publicitária e mestranda Carla Ernesto e a acadêmica de Jornalismo Samara Wobeto nos contam sobre o que é ser uma mulher pesquisadora. 

Os cortes orçamentários vem prejudicando o funcionamento da Universidade Federal de Santa Maria desde 2019. Em 2021, o orçamento para manutenção da UFSM foi reduzido em 20,5% em relação ao ano anterior, que já era abaixo do necessário para o funcionamento da Universidade. Com a dificuldade de manutenção, a comunidade de Santa Maria, assim como estudantes e funcionários acabam sentindo bastante. A publicitária e mestranda em Comunicação pela UFSM Carla Ernesto revela as dificuldades e desafios do momento e também sobre o que é ser uma mulher negra fazendo ciência. "Compreendo que ser cientista e mulher em um contexto de desvalorização da ciência é subverter às logicas dominantes da sociedade brasileira e, quando se é negra pesquisar é desafiar as dinâmicas do racismo estrutural." 

Da mesma forma, a jornalista e doutoranda Alice Pavanello ressalta a importância social de uma mulher cientista. "Pra mim ser uma mulher na ciência é ter a oportunidade de olhar os problemas sociais com a perspectiva feminina, o que significa carregar todo um repertório da forma de ver e pensar o mundo.", pontua ela. Para Carla, a pesquisa é "um ato político de resistência e que possibilita ecoar vozes que por muito tempo foram silenciadas". A graduanda de Jornalismo Samara Wobeto também da UFSM complementa em relação a possibilidade de transformação sendo uma pesquisadora. "Estar nesse lugar de poder pesquisar e fazer ciência é poder colaborar para que hajam mudanças de pensamentos e práticas na área que escolhemos."

E estas possibilidades de transformar a sociedade e o papel de uma mulher hoje ficam evidentes nas pesquisas que as três executam. Carla pesquisa sobre publicidade antirracista, representação de gênero, raça e classe na publicidade audiovisual. Alice, agora nos Estados Unidos desenvolvendo sua pesquisa na Tulane University com bolsa Capes Print, estuda a cobertura jornalística de desastre com a perspectiva de gênero. Samara investiga a acessibilidade na comunicação focada em jornalismo. 

Hoje, comemoramos o  Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências. Apesar de somente uma data, comemorar e dar espaço para que mulheres verbalizem e mostrem suas capacidades de transformar é um pequeno passo -mas importante - para a valorização da ciência feita por mulheres.

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